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Fé e pioneirismo Igreja Presbiteriana do Brasil comemora os 150 anos da chegada do missionário Ashbel Simonton ao país


O navio Banshee, que aportou no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, depois de cinquenta e quatro dias de uma exaustiva viagem desde os Estados Unidos, não trazia apenas comerciantes, famílias e gente interessada em tentar a sorte do lado de baixo da linha do Equador. A bordo, um jovem de aspecto distinto e barba bem cuidada não deve ter chamado muito a atenção dos viajantes. Era Ashbel Green Simonton, missionário enviado ao Brasil pela Junta de Missões da Igreja Presbiteriana do Norte. A opção pela pregação do Evangelho no pouco conhecido Império da América do Sul foi uma guinada e tanto para um jovem com futuro promissor em sua terra. Advogado, teólogo e professor, o erudito Simonton, além de graduado no Seminário de Princeton, dominava francês, alemão, latim e italiano.

O preço da escolha seria ainda mais alto, já que, devido às péssimas condições sanitárias do Brasil de então, o missionário acabaria morrendo precocemente, provavelmente devido à febre amarela. Mas sua chegada, há exatos 150 anos, é um marco da implantação da fé protestante em território brasileiro. Foi ele quem fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), hoje uma das cinco maiores confissões evangélicas do país, com mais de 700 mil fiéis – fora as outras igrejas de linha reformada que se originaram na IPB. E todos eles estão em festa pela passagem do sesquicentenário.

Desde o ano passado, eventos e cultos solenes estão sendo realizados pelo Brasil, e o ponto alto das celebrações é agora em agosto. Além da inauguração de um monumento em homenagem a Simonton no Porto do Rio, está programada uma grande cruzada nacional de ação de graças na Praça da Apoteose.

“Muitos protestantes já haviam pisado em solo brasileiro, mas a maioria das iniciativas foram fracassadas, já que o país era oficialmente católico”, observa Alderi de Souza Mattos, historiador ligado à denominação. Na capital do Império, Simonton logo pôs as mãos na boa obra. Duas semanas após sua chegada, organizou o primeiro culto. Logo aprendeu o português e, em 1862, fundou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, contando já com diversos novos convertidos. Foi dele a iniciativa de abrir um seminário teológico para formar obreiros nacionais, numa época em que missões transculturais tinham muito a ver com ideias colonialistas. “É preciso haver pastores brasileiros para brasileiros”, acreditava. Seu pioneirismo também ficou claro na fundação do primeiro jornal cristão do Brasil, o Imprensa Evangélica. “É impossível alcançar um país tão vasto sem o auxílio da palavra impressa”, escreveu na edição inaugural.

Expansão – Após um curto período nos Estados Unidos, onde casou-se com Helen Murdoch, o pastor Simonton voltou ao país em 1863, agora em definitivo. Montou escolas dominicais e organizou novas congregações em São Paulo. Àquela altura, tanto missionários que vieram para cá a seu convite – além do cunhado Alexander Blackford, Francis Schneider, George Chamberlain e Robert Lenington – como os obreiros brasileiros formados no Seminário Presbiteriano já semeavam a Palavra pelo interior paulista, sul de Minas Gerais e Bahia. Outro que contribuiu muito para a expansão do trabalho foi o ex-padre José Manoel da Conceição, primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do Evangelho, em 1865.


Simonton morreu precocemente, aos 34 anos, em 1867, na cidade de São Paulo, sem poder ver a dimensão de seu legado. Nos anos seguintes, os presbiterianos deram uma notável colaboração ao crescimento do país, fundando estabelecimentos de ensino como a Escola Americana – precursora do tradicional Instituto Mackenzie –, hospitais e igrejas em todo o território nacional. Um dos principais marcos da presença da denominação no país é o majestoso templo da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, em estilo neogótico, tombado pelo Patrimônio Histórico. É ali que será celebrado, no dia 12 de agosto, o Culto do Sesquicentenário.
Foto abaixo:

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